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![]() Giovanni (Gian) Luigi Bonelli é, sem dúvida alguma, um dos maiores roteiristas dos quadrinhos italianos, tanto pela quantidade quanto pela qualidade de seus trabalhos. Aficionado por literatura aventurosa e grande esportista, começa a escrever pequenos contos e poesias já aos 18 anos, logo após concluir o ginásio. Seus primeiros trabalhos são publicados no Corriere dei Piccoli e no Giornale Illustrato dei Viaggi, editado pela Sonzogno. No mesmo período nascem vários romances: "Le tigri dell'Atlantico", "I Fratelli del Silenzio" e "L'ultimo Corsaro", todos inspirados nas suas inumeráveis leituras juvenis (Jack London, Zane Grey, Alexandre Dumas, H. Rider Haggard e outros clássicos). 1930-40| Graças ao contato com o editor Lotario Vecchi, que o chama para colaborar (e, mais tarde, para dirigir) uma série de títulos, todos editados pela SAEV (Società Anonima Editrice Vecchi) de Milão (Jumbo, L'Audace, Rin Tin Tin e Primarosa), Bonelli debuta no mundo dos quadrinhos como argumentista e roteirista. Depois da compra da Audace pela Mondadori (então I.D.E.A.), Bonelli alarga sua colaboração também para o Vittorioso, levando-o, em dois anos, de 18.000 cópias vendidas para 120.000, salvando-o de uma falência que já era dada como certa.
1943-45| Durante a Segunda Guerra Bonelli se refugia na Suíça, enquanto a esposa Tea e o filho Sergio partem para a Liguria. Ao término dos conflitos, o casal Bonelli se separa: Giovanni Luigi se estabelece em Gênova, enquanto a senhora Tea e o filho prosseguem a atividade editorial. Nesses anos Bonelli trabalha para diversos pequenos editores, até que se associa com Giovanni De Leo, e juntos levantam a revista semanal Cow-Boy, criando o personagem do Giustiziere del West (várias vezes reeditado e retomado pela Edizioni Audace) e traduzindo alguns clássicos franceses, como Robin Hood e Fantax. 1946-47| Encerrada a colaboração com De Leo, Bonelli volta àquela colaboração estável com a Audace, criando inúmeros personagens, tornando-se na prática o roteirista de referência para a casa editora dirigida pela ex-mulher. É de 1946 a obra La Perla Nera desenhada por Caprioli e publicada no Albo d'Oro Audace, enquanto que em 1947 surgiu Ipnos, desenhado por Paolo Piffarerio, Gino Cossio, Dapassano e Uggeri, e publicado como único personagem da coleção em tiras Gli albi del Mistero. 1948| É o ano do nascimento de Tex, o personagem ao qual Gianluigi Bonelli ligará de forma indissolúvel o seu nome. A gênese do personagem já virou mito: a Audace podia contar pela primeira vez com um lápis do calibre de Aurelio Galleppini (desenhista consolidado na concorrente Nerbini antes da Guerra) e na ocasião decidiu apostar num relançamento da editora com um personagem inovador, sobre o qual depositavam muitas esperanças: Occhio Cupo. A série, ambientada na América do Norte dos anos 1700 entre piratas e índios, era escrita por Bonelli com muita seriedade e atenção ao exotismo dos ambientes e situações, e era publicada na prestigiada Serie d'Oro Audace, num formato maior que o das costumeiras tiras (21x29cm). Ao mesmo tempo, porém, a dupla de autores já havia começado a trabalhar numa outra série, quase às escondidas, um western igual a tantos outros que se faziam à época, à qual Galep podia dedicar apenas as noites, já que o grosso de seu tempo já era ocupado. O protagonista daquele série deveria se chamar Tex Killer, mas em razão da firme oposição da senhora Tea, seu nome foi modificado para algo mais "tranqüilo", Tex Willer. A estréia foi na surdina: no começo, de fato a Collana del Tex (assim se chamava a série em tiras que abrigava suas aventuras) não teve uma resposta clamorosa (no auge, chegou a vender pouco mais de 50.000 cópias, enquanto que os rivais Capitan Miki e Il Grande Blek, da Editoriale Dardo, chegavam às 200.000), mas conseguiu sobreviver, apesar de tudo. A série dedicada a Occhio Cupo, ao contrário, se encerrou depois de apenas um ano de publicação, durante o qual o personagem, depois de apenas 6 números, havia cedido o lugar para a reedição resumida de "L'Orlando Furioso". 1948-57| Nos anos seguintes, a atividade de G.L.Bonelli na Audace se firma com a criação de numerosos outros personagens (muitos dos quais posteriormente reeditados na futura série Tutto West editada pela Bonelli): em 1948, contemporaneamente a Tex e Occhio Cupo, nasce a Pattuglia dei senza Paura, desenhada por Roy D'Amy, Zamperoni e Donatelli e publicada na Collana Arcobaleno. Em 1949 é a vez de Plutos, desenhado por Leone Cimpellin. Em 1950 se ocupa com a tradução e adaptação de Red Carson, personagem western escrito e desenhado pelo americano Warren Tufts e publicado pela Audace na Collana Zenith: Bonelli refaz completamente o texto original e ainda escreve duas aventuras inéditas desenhadas por Uggeri com a colaboração de Cimpellin. Em 1951 mais uma vez trata de rescrever os diálogos da segunda série da Collana Zenit, de um personagem importante: Buffalo Bill, escrito e desenhado pelo americano Fred Meagher mas com todos os primeiros planos do personagem redesenhados por Aurelio Galleppini. 1952 é o ano de I Tre Bill, realizados em conjunto por Benvenuti, D'Antonio, Dami e Calegari e ainda publicados na Collana Zenit; em 1953 sai o primeiro número da Collana Arco, que hospeda as aventuras de Yuma Kid desenhadas por Uggeri. Ainda nesses anos Bonelli faz a adaptação de um trabalho anterior que Galleppini havia realizado para o editor Nerbini, Pinocchio, que foi publicado pela Audace como um luxuoso volume encadernado e em cores. Os quadros eram apresentados com desenhos e legendas, sem balões. Ainda em 1953 saem Il Cavaliere Nero, em conjunto com a EsseGesse e publicado na Collana Fiamma; Za la Mort, desenhado por Pietro Gamba (Peter) e publicado na Collana Arco; e Rio Kid (ou melhor, Il Cavaliere del Texas) desenhado por Roy D'Amy e publicado na Collana Zenith. Sempre em 1953, Bonelli escreve para a Collana del Trifoglio algumas pequenas fábulas para crianças ilustradas por Zamperoni e publicadas em pequenos fascículos num incomum formato retangular (21,7x24cm) em 4 cores. Em 1954 a Audace cria a Collana Capolavori com os resumos de I viaggi di Gulliver desenhados por Galleppini e com as legendas de G.L.Bonelli. A série prosseguirá, depois, sempre com textos trabalhados por Bonelli, com Peter Pan, desenhado por Dino Battaglia, e L'Isola del Tesoro com desenhos de Galleppini. A segunda série da coleção, agora com formato horizontal, reeditará o "Pinocchio" que havia saído no ano anterior em um volume único, para depois prosseguir com outros 6 números que alternarão resumos inéditos com reedições da série precedente. Em 1955, El Kid, desenhado por Battaglia em quase toda a primeira série e por D'Antonio e Calegari na segunda, sucede "Za la Mort" na Collana Arco. No ano seguinte lhe seguirá Terry, desenhado por Gamba, enquanto a Collana Zenit hospedará Hondo, desenhado por Bignotti. Sempre em 1956 é editado, como suplemento à Collana del Tex, Il Massacro di Goldena, um romance de G.L.Bonelli enriquecido com as ilustrações de Galleppini (reeditado em edição "facsimilada" em 1977, pela ANAF). Em 1957 estréia a Collana Audace com as novas aventuras de Kociss, desenhado por Uberti, a seqüência da saga do personagem que já havia aparecido anteriormente na Edizioni Tomasina; e na Collana Arco surge Big Davy (inspirado na figura de Davy Crockett) desenhado por Porciani e Calegari, obrigado a mudar de nome em razão da publicação anterior de uma coleção homônima pela Edizioni Alpe. Nesse meio tempo continuam a crescer as atenções para Tex. A coleção original em tiras chega na quarta série (são quase 200 números já contabilizados) quando, em 1952, estréia a primeira série de reedição (o famoso Albo d'Oro, no mesmo formato da homônima coleção mondadoriana): cada álbum traz, pelo menos no início, a reedição de três tiras remontadas no formato 17x24, com prestigiosas capas inéditas desenhadas por Galleppini. 1957-58| Mas será somente depois que o então jovem de 25 anos Sergio Bonelli assume a direção da casa editora que Tex literalmente começa a voar. De fato, no ano seguinte (1958) é publicada a segunda reedição de Tex, conhecida como 2ª Serie Gigante (que é a série que perdura até nossos dias), adotando um formato absolutamente inédito para a época (17x24cm, com cerca de 160 páginas para os primeiros números) e inaugurando aquele que no futuro será universalmente identificado como o formato bonelliano por excelência (para uma detalhada cronologia das várias edições de Tex, ver o artigo Tex tutto di carta, em italiano). Ainda graças a essa feliz intuição (o novo formato vinha ao encontro das novas exigências do público) a série obtém sempre maior aprovação: depois das reedições de todas as aventuras já publicadas na série em tiras, a coleção continua (a partir do n. 96 "La caccia") com aventuras inéditas, dando início a um período extremamente feliz para o personagem (que durará até mais ou menos a metade dos anos 70), com roteiros de G.L.Bonelli que se mostram sempre mais incisivos e brilhantes e, sobretudo, fica cada vez mais evidente a sua completa identificação psicológica com o ranger. Ladeando Galleppini, nesse meio tempo chegam alguns dos colaboradores históricos da casa editora, que com Bonelli haviam realizado as outras séries antes citadas, como Zamperoni, Uggeri, Jeva, Gamba, Muzzi, mas outros, aos quais se dá sempre mais autonomia, também chegam com a passagem para a nova quantidade de páginas (realmente era muito grande o trabalho para fazer pranchas inéditas que o formato exigia). Dentre esses Guglielmo Letteri, que estreou em 1966 e Giovanni Ticci em 1968, e depois Erio Nicolò, Ferdinando Fusco e Vincenzo Monti. 1961-65| Nos anos seguintes G.L.Bonelli dedicará a sua atenção quase que exclusivamente ao ranger mais famoso da Itália, limitando sensivelmente sua produção colateral. Em 1961, por exemplo, ocupa-se, junto com Tarquinio, da produção de Giubba Rossa, um personagem inglês cuja publicação havia sido iniciada no ano anterior pela Audace em uma série em tiras, e sobretudo, em 1962, corre em socorro do filho Sergio (cada vez mais ocupado com as obrigações que sua profissão de editor exigiam), escrevendo diversos roteiros de Zagor, personagem criado pelo filho que, na sua atividade paralela de roteirista, assume o pseudônimo de Guido Nolitta. Da mesma forma, também em 1962, herda a série Un Ragazzo nel Far West, publicada pela editora da família (que nesse meio tempo muda seu nome para Edizioni Araldo), junto a outros personagens, na Collana Zenith Gigante (trata-se de 51 números que antecedem a chegada definitiva das aventuras de Zagor na coleção) do filho, levando-a até sua conclusão com o n. 51, de junho 1965. E ainda, em 1963, escreve o episódio conclusivo de Giudice Bean, outra breve série (apenas 5 números) criada por Nolitta e publicada pela Araldo nos Albi del Cowboy. 1967| Graças ao conjunto de sua atividade é o primeiro argumentista e roteirista a ser premiado no Salone Internazionale del Comics di Lucca. 1976-91| Para dar um grande apoio a G.L.Bonelli nos textos de Tex, chega o filho Sergio (que, porém, não assina os roteiros), embora suas obrigações como editor e, sobretudo, a falta de costume com as características do personagem, não lhe permitam ocupar-se a pleno vapor. Aquele que no futuro se tornará o verdadeiro sucessor de G.L.Bonelli chega apenas em 1983, ano em que estréia Claudio Nizzi. A última aventura do ranger escrita por Bonelli é a do n. 364, de fevereiro 1991: "Il medaglione spagnolo". Os anos noventa vêem apenas Nizzi como roteirista principal da série, registrando apenas uma breve tentativa de parceria com a estréia de Decio Canzio, diretor geral da editora (que então já havia assumido a definitiva designação de Sergio Bonelli Editore) que no passado já havia feito roteiros de várias séries western, além de Mauro Boselli e Michele Medda. Dos três, apenas Boselli seguirá sua colaboração de maneira contínua, alternando-se com Nizzi na produção de histórias, tanto para a série regular quanto para os numerosos suplementos nascidos em seguida. O time de desenhistas, no entanto, se enriquece com novas e talentosas assinaturas, como aquelas de Fabio Civitelli, Carlo Marcello e Claudio Villa. A este último cabe a honra de receber, poucos meses antes do desaparecimento de Galleppini, o timão de criador das capas da prestigiada série. 2001| Giovanni Luigi Bonelli morre no dia 12 de janeiro, em Alessandria. Já há alguns meses estava internado no hospital local devido a graves problemas cardíacos e pulmonares.
"...eu lembro dele como um pai especial, fisicamente muito bonito, sempre vestido de maneira particular, esportista, que nada muito bem e pilota um barco a vela. Em casa, se exercita com remos na esteira fixa e com a pêra de boxe, além de freqüentar um ginásio, de onde às vezes eu o via regressar com um sinal no rosto de que algum golpe o havia acertado em cheio. Em suma, a imagem que tenho dele é muito boa, especialmente porque ele nunca se intrometeu nos meu assuntos de criança. E me agrada também porque, sempre que podia, me levava ao cinema para ver um bom western, me presenteava com belos livros de aventuras...e me agrada porque era um escritor de quadrinhos." Sergio Bonelli "Giovanni Bonelli é Tex Willer. E Tex Willer é Giovanni Bonelli. Este último, naturalmente, nunca cavalgou nos desertos de pedra do Arizona, nunca lutou contra os fora-da-lei, nunca se meteu com peles-vermelhas e soldados azuis. A identificação é apenas no caráter. O caráter de Tex-Bonelli se baseia em alguns dos sentimentos mais intensos da alma humana: o fogo sagrado da dignidade da vida, a percepção da idéia de justiça, a defesa dos fracos e dos oprimidos, a firmeza da amizade e da camaradagem, a vontade de chegar ao destino, a indignação ditada por uma constante tensão moral. E no meio dessas explosões de vitalidade existencial, a delicadeza de sentimentos, quando é o caso." Decio Canzio "Gian Luigi Bonelli é o autor que, melhor do que ninguém, soube retomar a grande tradição narrativa do folhetim e do romance de aventura oitocentista, atualizando-a e adaptando-a aos quadrinhos, mas mantendo inalteradas certas peculiaridades fundamentais: o sentido de contar histórias longas - quase uma narrativa de tipo épico, a cuidadosa caracterização dos personagens e de suas relações, a capacidade de construir tramas sólidas, nunca banais, intrincadas mas não confusas, nas quais o fio da meada se desenrola e as dúvidas se resolvem como numa equação matemática; a perícia em administrar ritmos e "picos" de suspense, de intermediar ação e diálogo, de alternar momentos de tensão com momentos mais soltos; o gosto pela linguagem, pelas descrições de caráter literário (os famosos, longos recordatórios de Tex), pelo diálogo brilhante; a sua atenção no uso correto da gramática e das sintaxes. [...] talvez, sem uma personalidade forte como aquela de Gian Luigi Bonelli, os quadrinhos de aventura teriam regredido - como infelizmente acontece além oceano, onde se vê meros exercícios de virtuosismo gráfico. Sem Gian Luigi Bonelli teríamos tido muito menos estímulos para sonhar." Alfredo Castelli "Ele foi o primeiro a criar a figura do defensor das minorias, a escolher o lado de um povo, os índios, até então considerados feios e malvados. A sua maneira de ser, inconformado com a vida, lhe permitiu criar um personagem como Tex de grande modernidade. Bonelli, com certeza, é comparado aos grandes da literatura italiana. A única consolação que nos resta é o eco da sua presença no seu famoso personagem, Tex, que continua a viver." Claudio Villa
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