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A catástrofe. O mundo de Nathan foi alterado por uma hedionda catástrofe ambiental, provocada em razão de um experimento realizado na tentativa de se aproveitar o magma do centro da Terra. A catástrofe, para nosso azar :-), aconteceu em 2024... Em conseqüência do ocorrido, todo o planeta decidiu voltar o calendário em 78 anos, voltando a Terra a "1946" como forma de se buscar um "renascimento psicológico". Infelizmente, a catástrofe, a mudança de data, o Macintosh Act (determinação legal para converter os arquivos de papel em dados eletrônicos) e os funestos acontecimentos coligados, ocasionaram a perda de grande parte das obras e da história pré-catástrofe. Para muitos acontecimentos não mais existem certos dados. O mundo do futuro. O mundo de Nathan, em relação a este que conhecemos, teve então alteradas a geografia, as instituições, a tecnologia e a própria sociedade. A Terra do futuro está dividida em três federações continentais (Europa, Ásia, América do Norte) reunidas na OET (Organização dos Estados Terrestres). Entre si, as três federações absolutamente não são belicosas. A América do Sul e a África são subdivididas em pequenos estados controlados por grandes multinacionais ou sob regimes ditatoriais. Da Itália se vê apenas Veneza, agora submersa mas protegida por uma gigantesca cúpula transparente. A Antártida está ocupada por assentamentos de mineiros, que têm autonomia comparável à de pequenos estados independentes. Muitas regiões em todo o mundo não são habitáveis, como, por exemplo, parte do território norte-americano conhecida por "O Território". Muitas são as estações orbitais em volta da Terra, criadas logo após a redução da superfície habitável do Planeta, depois da catástrofe. Nelas se produz 70% da alimentação consumida na Terra, mas fazem oposição às federações. Ainda no espaço, existe uma base-prisão na Lua e uma colônia marciana particular, que ficou isolada da Terra por longo período. Bastante desenvolvidas são as atividades de mineração na faixa de asteróides.
No mundo de Nathan há também os robôs C3, inteligentes, criados pelo doutor Sung. São tutelados pelo Estado, depois que se revelaram inúteis para ajudar o homem, ao se mostrarem excessivamente vinculados às três leis da robótica. Há, ainda, a raça dos modificados, seres criados em laboratório através de experimentos genéticos, com a pele verde e capacidades específicas destinadas a trabalhos mais humildes. Sua produção já está proibida, e os modificados existentes vivem nos níveis mais baixos das cidades, onde nem mesmo a polícia se aventura. Formaram grupos terroristas com a finalidade de ver reconhecidos seus direitos. As Agências. Para contrastar a crescente espiral de violência e ilegalidades nas grandes metrópoles, o governo federal decidiu, com o Callaghan Act, autorizar a criação das Agências de Segurança e Vigilância que trabalham ao lado das forças da Polícia (cada vez mais minadas pela corrupção). Uma das agências mais importantes é aquela dirigida por Edward Reiser: a Agência Alfa. Seus melhores elementos são: Legs Weaver, o mago da informática Sigmund Baginov (inspirado no informático Antonio Bachino), May e April Frayn, Jack O'Ryan, o robô Link, Andy Havilland, Al Goodman, o técnico Mendoza, a secretária Janine e, naturalmente, Nathan Never, o melhor dos agentes alfa (mas não digam a Legs!! ;-). Muitos são os coadjuvantes: o piloto de shuttle Jerry Lone (inspirado em Mister No), o robô Mac, a advogada Olivia Olling (inspirada na esposa de Vigna, Olivia Olla), as vizinhas Katia e Giulia com o cachorro Ubiq, o capitão Ishimori filiado à Yakuza (que inicialmente deveria se assemelhar a Poirot), os esquisitos Ash e Leonid, e sabe-se lá quantos mais.
Entre os maus, pode-se citar um, indissoluvelmente ligado à vida de Nathan: Aristotele Skotos.
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Mais além...
Restou apenas Atlântida e depois o Futuro do Futuro, ou seja, as guerras Tecnobiológicas e os Tecnodróides, as raças Sapiens e Ultra-Sapiens, a Fraternidade das Sombras, os Anéis Temporais... e Nathan Never que cumpre papéis decisivos nos destinos do mundo. Mas esta é outra história (uma possível história)...
O "pessimismo". É nesse cenário, que espero tê-lo sabido evocar ao menos em parte, que atua Nathan Never, cujas aventuras com fundo de ficção científica freqüentemente se mostram uma metáfora de nossa realidade, dos contrastes de nossa sociedade atual (pobreza, racismo, bioética, solidão, corrupção...), problemas amplificados pelo futuro. As histórias de Nathan freqüentemente são movidas por um pessimismo "característico", nascido também da sua trágica história pessoal, que dificilmente pode ser resumida em poucas linhas: os únicos dados disponíveis são que a esposa, Laura Lorring, foi morta por um criminoso, Ned Mace, que era caçado por Nathan. A filha Ann, raptada e por muito tempo mantida prisioneira pelo próprio Ned, hoje é autista e está internada em um sanatório. Nathan se sente culpado pelo homicídio da esposa e pela doença da filha, sobretudo porque naquele período, num momento de incompreensão, traía a esposa. O caráter de Nathan é duro e melancólico, mas Nathan não é cínico ou insensível. Nunca perdeu a confiança no ideal de justiça, mas tem dúvidas sobre si próprio e sobre o mundo que o circunda. A visão de Nathan é do tipo jansenista: ainda que o mundo mude, o homem é sempre o mesmo: mau.
Os autores. Medda, Serra e Vigna passaram a colaborar com a Bonelli em 1986, escrevendo textos para Martin Mystère e depois para Dylan Dog. Em 1988 começaram a definir Nathan Nemo (que deveria ser o nome do personagem). A data de nascimento oficial de Nathan pode ser considerada 11 de novembro de 1989, porque em uma reunião em Milão foi aprovado o projeto: o título chegaria às bancas em junho de 1991.
O forte das histórias de Nathan é o complexo universo que "os três sardos" souberam construir nos longos anos de preparação, mas, talvez por uma brincadeira do destino, ainda que o "fundo" seja de ficção científica, as melhores histórias são aquelas que tratam dos "tormentos" de indivíduos ou de grupos de pessoas, mais que aquelas construídas sobre ousadas inovações da própria ficção científica. Com pequeno esforço, muitas histórias poderiam ser ambientadas em nossos dias. Porque, no seu futuro, a tecnologia ainda é uma ameaça, mas é sempre o homem a ameaça maior...
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